O António Sousa Pereira é, desde que o conheço, já lá vão 30 anos, um cidadão sempre empenhado num conjunto de causas pelas quais dá a cara. A sua "hiperactividade" e as suas especiais características de personalidade fazem com que provoque ódios doentios a algumas pessoas.
Volta e meia, o seu "feitiozinho assacanado" e as "provocações" que gosta de fazer, causam mossas. Eu próprio já "sofri" na pele algumas consequências disso, a última delas bem recentemente…
Todavia, isso não me interessa. Muitas vezes tenho discordado dele e muitas outras concordado. Muitas vezes acho piada às coisas dele e outras nem tanto...
Mas gosto dele e tenho-o como amigo. Se ele precisar de mim sabe que pode contar comigo. É quanto me basta.
O Sousa Pereira tinha prometido que se referiria detalhadamente ao Projecto “Mercado de Rua Marquês de Pombal” quando achasse oportuno. Fê-lo agora, no "Rostos On line" e no seu Blog "Entre Tejo e Sado".
Pela pertinência do que escreve, permito-me, com a devida vénia, transcrever, na íntegra, essa sua tomada de posição, destacando, a "negrito", algumas partes que me parecem mais relevantes.
Classifico este texto na categoria "Apoios e Contributos", porque se isto não for um apoio é, pelo menos, um contributo muito sério para desfazer ideias desajustadas que, porventura, ainda existam na cabeça de algumas pessoas em relação ao Projecto estruturante que apresentei, tenho vindo a defender e, naturalmente, continuarei a desenvolver até ser concretizado.
De resto, partilho das suas preocupações, registo a sua visão estratégica - que é coincidente com a minha - e dou-lhe as boas vindas à discussão, que pretendo o mais participada possível, do Projecto a que, sendo muitíssimo mais que isso, chamei "Mercado de Rua Marquês de Pombal".
A palavra, então, ao meu amigo António de Jesus Sousa Pereira:
Diz que é uma espécie…
de BLOGUE DE NOTAS do Barreiro
Foi apresentado o novo espaço onde vai ser instalado o novo Mercado de Levante do Barreiro. A voz dos vendedores que lutaram por “manter os seus postos de trabalho” e contra o “encerramento da sua fábrica” deu frutos, provando, na prática, a tese que – “só é derrotado quem desiste de lutar”.
Uma acção política reactiva
Referiu Carlos Humberto, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, que aquele foi um espaço que chegou a estar sobre a mesa para avaliação.
No entanto, embora, de facto - é verdade - sempre se mantivesse o cenário de abertura e vontade na procura de soluções, uma decisão esteve sobre a mesa – encerrar e ponto final.
A reunião da Assembleia Municipal do Barreiro, promovida pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda, não tendo apresentado soluções, limitou-se a criticar e a criar um espaço de avaliação da situação, permitindo, apenas, dar uma dimensão pública às discussões que aconteciam nos bastidores.
Se valeu alguma coisa foi só por isto. Nem se pode dizer que tenha sido um tiro nas opções da gestão autárquica. Foi uma acção de “agit prop”. Foi uma acção política reactiva, que juntou a voz dos políticos da “oposição” à “luta” que os vendedores estavam a travar em diálogo com a autarquia, que, sublinhe-se sempre afirmou a sua disponibilidade de procurar soluções.
De recordar que o PSD foi o único partido que, quer na Câmara Municipal, quer na Assembleia Municipal, sempre esteve contra a solução de encerramento, e, na verdade, exigiu a procura de soluções e alternativas.
Uma proposta com uma visão estratégica
Na altura referi que aquela reunião da Assembleia Municipal do Barreiro deu como resultado zero e que, aquilo que trouxe de novo foi a proposta de António Caboz Gonçalves, lançando o desafio da criação do Mercado Marquês Pombal, que, como ele próprio referiu, não se colocava como uma alternativa ao Mercado da Verderena.
Agora, pelo facto de ter sido encontrada uma solução ao Mercado de Levante do Barreiro, já se comenta que a proposta de António Caboz Gonçalves está morta.
É pena que tal aconteça. É pena porque esta é uma proposta com uma visão estratégica e que pode perspectivar uma “opção”, um “projecto” que contribua para reanimar o tecido do Barreiro Velho e colocar o Barreiro com uma proposta “atractiva” no contexto da AML e Península de Setúbal.
Conquistar o Executivo Municipal
Na altura referi que teceria os meus comentários sobre esta proposta do António Caboz Gonçalves.
Não o fiz por várias razões. Primeiro porque não quis entrar na onda do “milagre” da solução para o Mercado da Verderena. Segundo porque achei que misturar a discussão e avaliação da proposta do Mercado do Marquês, em simultâneo, com a procura de uma solução para o Mercado da Verderena, em nada contribuiria para o desenvolvimento desta ideia que registei como positiva para o futuro do concelho.
Considero que a proposta do António Caboz é uma proposta que deve ser ponderada, deve ser avaliada, deve ser debatida, como um projecto estruturante e cuja implementação deve envolver diversos agentes locais.
É uma proposta para a qual, antes de mais, tem que ser conquistado o Executivo Municipal para a sua concretização e, penso, nunca será possível concretizar se for utilizada como arma de arremesso para acusar o Executivo Municipal – este ou outro qualquer - de “entrave ao desenvolvimento”.
Preocupação de animar o Barreiro Velho
Recordo que, em tempos, com o Eduardo Porfírio, enquanto Vereador da Câmara Municipal do Barreiro, responsável pela reabilitação do Barreiro Velho, no âmbito do Núcleo COM VIDA, foram analisadas sugestões de acções a dinamizar no Barreiro Velho, que eram verosimilhantes à proposta do António Caboz Gonçalves.
A preocupação de animar e revitalizar o Barreiro Velho, de procurar soluções para o Barreiro Velho, não deve colocar de lado qualquer proposta que seja um caminho, uma proposta de acção – um modelo a debater.
Amar ou não amar o Barreiro
O pior erro que pode ser cometido será transformar a proposta do António Caboz Gonçalves como arma de arremesso político, como bandeira pré-eleitoral, como paradigma para afirmar que, quem está com a proposta “ama o Barreiro”, quem está contra a proposta “não ama o Barreiro”.
Na vida tão mau é o “deslumbramento do poder” quando se torna autista, como o “deslumbramento do anti-poder” que se julga a “verdade- verdadeira”.
O Barreiro fica para segundo plano
Ainda há dias, na última sexta feira, na Tertúlia do Palácio conversámos sobre a proposta do António Cabós. Ninguém estava contra. Todas acham uma proposta que deve ser avaliada, mas também foi referido o timing do seu agendamento, a mistura da sua apresentação com a crise da Verderena e, por fim, o aproveitamento politico partidária que já está em marcha, pouco vai ajudar. Infelizmente. Seja o aproveitamento politico dos “bons”, seja o aproveitamento politico dos “maus”.
Será por estes caminhos que a proposta pode começar a ser viciada, a gerar anticorpos e, se assim for, repito, infelizmente, mais uma vez, como em outras tem acontecido, o Barreiro fica para segundo plano, porque a “guerrilha” politico partidária se sobrepõe aos interesses da cidade e da cidadania.
Este é um filme que agora, é que vai começar a ser rodado. Era positivo que este assunto não fosse usado como libelo acusatório, por aí só vai servir interesses pontuais.
A proposta do Mercado do Marques obriga-nos a pensar futuro, a sonhar futuro e devia ser esse o ponto de partida para a sua avaliação.
Mas…talvez já esteja demasiado colocada como uma proposta que divide – os bons que a apoiam, os maus os que estão contra.
Os bons que amam o Barreiro. Os maus que só querem o mal do Barreiro.
Esperemos …porque o filme está a ser rodado, vai dar muitas cenas.
Ora não fosse esta a famosa “Cidade do Cinema”…
Encontrada solução alternativa ao Mercado da Verderena.
Pelo que nos apercebemos, o novo Mercado de Levante do Barreiro nada vai ter de comparação com o extinto Mercado da Verderena, dado que vai ter uma implantação estudada, iluminação adequada, rede de águas e esgotos.
Sem dúvida uma opção que irá valorizar o espaço e proporcionar mais qualidade quer aos vendedores, quer aos utentes.
Está encontrada solução alternativa ao Mercado da Verderena.
A Câmara Municipal do Barreiro está de parabéns porque, como sempre afirmou, nunca colocou de lado o cenário de procura de uma solução. Disse e cumpriu.
Os Vendedores estão de parabéns porque assumiram a sua co-responsabilidade na procura de uma solução. Acreditaram que era possível uma solução e foram à luta. Organizaram-se. Assumiram de forma plena a cidadania e deram uma lição de civismo na Assembleia Municipal do Barreiro.
Este é um assunto encerrado ou a caminho de solução, mesmo que, mais uma vez, pelo que é dito “provisória”.
Afirmar o Barreiro no contexto da AML
Quanto ao Mercado do Marquês, agora, será tempo de serenamente debater a ideia, aprofundar a procura de soluções, estudar da sua viabilidade, tendo consciência que esta proposta não visa contemplar o universo territorial do Barreiro – só assim a entendo – mas sim como um dos elementos de referência para afirmar o Barreiro no contexto da AML e da Península de Setúbal.
Um mercado que para ser lançado implica marketing, estudo de mercado, implica estrutura, implica programas, implica mais que o envolvimento de agentes locais, também o envolvimento de entidades ao nível regional.
Será um Mercado para pensar o Barreiro na região e não para pensar o Barreiro no Barreiro, tem que existir uma visão de economia de escala.
Uma ideia que pode contribuir para criar emprego…animação cultural e projectar uma nova imagem do concelho na região.
E fico-me por aqui…
António Sousa Pereira