domingo, 19 de agosto de 2007

Juro que não quero!


Para acalmar as boas consciências, mais os descrentes nas pessoas em geral e nas de raça diferente, em especial, também os cépticos por natureza e, ainda, os de pituitária sensível, que farejam fantasmas e segundas intenções em tudo o que não provenha deles ou da sua tribo, quero fazer uma declaração solene, para não ter que andar sempre a dizer o mesmo.

Neste singelo “aviso à navegação”, eu juro que não quero:

1Transferir o mercado da Verderena para a Rua Marquês de Pombal, ou para outro local qualquer, já que o que proponho é a criação de um mercado de tipo novo e diferente, onde tenham lugar todos os que estiverem dispostos a cumprir as suas regras, rigorosas, de funcionamento, aqui se incluindo os vendedores do Mercado da Verderena que a isso se dispuserem;

2Que o Barreiro seja notícia pelos resultados espantosos de gigantescas operações da A.S.A.E.;

3Que os produtos alimentares, consumidos por todos os que gostam de ir àquela feira e, no meio do “souk” de toldos, carrinhas e caixotes, comprar frutas, legumes, queijos e chouriços, pão e bolos, passem a ser conspurcados pela porcaria que hoje se vê, por todo o lado, no Barreiro Velho, ao invés daquela película de pó ou lama que cobre os géneros do Mercado da Verderena, quando o calor aperta ou quando a chuva faz poça;

4Que continue a assistir-se a ocupações de casas no Barreiro Velho, ou que persistam as que tiveram lugar ao longo das últimas décadas, sejam elas feitas por ciganos, pretos, brancos ou de qualquer tom de pele, da paleta de cores com que o Criador resolveu dar variedade à espécie humana;

5Que persista o ambiente de degradação económica, social e urbana no Barreiro Velho, onde:

a) À noite, especialmente ao fim de semana, não se consegue dormir antes das 3 ou 4 da manhã, por força da falta de policiamento que ponha na ordem o pessoal - novos e menos novos, brancos, pretos, ciganos ou de qualquer raça - que dá largas à sua euforia, depois de sair dos bares, que são a única actividade económica que ainda se vai mantendo;

b) As ruas estão, geralmente, pejadas de lixo, especialmente aos sábados e domingos;

c) Existe um sentimento geral de insegurança, mesmo que isso, na prática, não corresponda à realidade, não havendo notícia de mais crimes contra as pessoas ou contra a propriedade nesta zona do que no conjunto do território do concelho;

d) Na era do “Plano Tecnológico” e das novas tecnologias, não existe qualquer rede de telecomunicações por cabo e onde até os telemóveis têm uma cobertura de rede completamente deficiente, porque nenhuma operadora de telecomunicações encara de bom grado investir, um cêntimo que seja, para o benefício de uma população envelhecida, marginal ou marginalizada e de fraco poder de compra que, aparentemente, lhes traria pouco retorno.

6Que as casas do Barreiro Velho continuem a cair aos bocados, porque

a) Nos prédios que estão devolutos – a maioria entaipada, para evitar ocupações - os proprietários - quando os mesmos são conhecidos ou não são heranças indivisas, com múltiplos tratos sucessivos a estabelecer, entre herdeiros que não se entendem ou nem sequer se sabe onde estão - não vislumbram qualquer hipótese de recuperar o investimento vultoso que teriam que fazer, porque muito pouca gente quererá pagar uma renda aos preços de hoje, ou comprar aos valores de mercado, para ir morar num sítio com as características acima referidas;

b) Nos prédios arrendados há muitos anos, cujos arrendamentos, muitas vezes, passaram de pais para filhos, noras, netos, viúvos e viúvas dos netos, e parentes ou aparentados vivendo em comunhão de mesa e habitação, a maioria das rendas é baixíssima e quando os herdeiros são muitos e não se entendem, mesmo esses míseros euros, são depositados na CGD… E nessas condições quem é que faz as obras, com custos avultados, que seriam absolutamente necessárias para dar condições de habitabilidade e de dignidade a quem lá vive?

c) Nos prédios ocupados, geralmente os mais degradados dentre todos, em que a desocupação se afigura, à primeira vista, problemática, dadas as características da maioria dos ocupantes, ou os proprietários são conhecidos e poucos, e pensam 2 vezes antes de gastar dinheiro com advogados e tribunais para o despejo, a que se seguiria o entaipamento de portas e janelas, ou são muitos e não se entendem e não há ninguém que assuma o encargo de tais procedimentos.

7 - Impor soluções, sem qualquer contacto ou adequação à realidade, sem viabilidade económica e sem ter em conta o ambiente urbano, social, económico e “psicológico” de quem quer que seja que, cumprindo todas as normas e estando disposto a respeitá-las, possa ser afectado por tais soluções.

8 - Ser candidato, ou candidato a candidato, a qualquer sinecura, lugar, cargo, trabalho, emprego ou mera avença, resultante de eleição ou nomeação, por qualquer entidade pública ou privada, em resultado desta minha iniciativa.

9 - Ganhar qualquer lugar, na grande ou na pequena História nem, ao menos, como breve nota de rodapé.

Espero ter esclarecido tudo o que não quero, começando, assim, a dar resposta a alguns comentários, preocupações ou opiniões claramente negativas de quem, até agora, se deu ao trabalho de intervir na discussão do Projecto, nomeadamente ao VTM do blog “Barreiro Velho”, aqui, e aqui; à Kimberley, que escreveu o post que o mesmo Blog publicou aqui; ao meu amigo e camarada de partido Luís Carlos Santos no Parábase, blog cuja administração eu partilho, embora não exerça muito; ao meu querido amigo VCN, brilhante advogado lisboeta e filho dilecto do Barreiro, em dois comentários a este post e em mensagens electrónicas que me enviou; ao Luís Zuzarte, no seu editorial da Voz do Barreiro, que alguém fez o favor de espalhar pela “blogosfera” e, finalmente, ao António do Telhado que, em comentário que li, já não me lembro onde, acha que eu devia expor a minha ideia e ficar de braços cruzados à espera, para ver o que acontecia, já que tanta “agitação” lhe “cheira” a aproveitamento partidário…

Quanto ao que quero, é simples: contribuir para a resolução do problema do Barreiro Velho, que há muito se vem arrastando e agravando, através da apresentação de um Projecto Global, no qual a criação do “Mercado de Rua Marquês de Pombal” ocupa um papel central.

É que eu nasci no Barreiro, vivo no Barreiro e adoro o Barreiro! Percebido?

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora aí está ... !!! Isso mesmo, Meu Caro Cabós.

Acompanho com muito entusiasmo esta nova bandeira que levas na tua mão.

Farei ECO deste Projecto.
Wherever .... :-)

E lembra-te que não são só as Avenidas da Política que resolvem os problemas na vida das pessoas.

Hoje em dia, há outras vias ...

abraço

maria julia bravo