terça-feira, 21 de agosto de 2007

Barreiro Velho - O diagnóstico (1)

Investigando, há minutos, as várias "soluções" que, ao longo dos tempos, se foram apresentando para resolver o problema do Barreiro Velho, dei "de caras", de repente, com o despacho da Agência Lusa abaixo reproduzido, datado de 2006-03-26, arquivado aqui, no site da "Rádio Mirasado", que acho "precioso" para "começo de conversa" e intróito às postagens que tenciono fazer, nos próximos dias, sobre todas as questões que envolvem o Barreiro Velho.

No texto "Juro que não quero!" adiantei um retrato da situação e das suas causas, baseado no conhecimento profundo que tenho - também por razões profissionais - de toda a zona do Barreiro Velho, nas suas múltiplas componentes.

A partir de agora irei analisar os resultados, efectivos, de algumas medidas que, ao longo das últimas décadas, foram apontadas, ensaiadas, postas no terreno ou, apenas, anunciadas, como sendo a panaceia para todos os males.

Não pretendo imputar culpas a ninguém, nem entrar no jogo fácil da maledicência sem nenhuma base fáctica. Trata-se, apenas, de proceder a uma avaliação, tão exaustiva quanto as circunstâncias o permitem, do que foi feito, com vista a evitar, no futuro, cometer erros semelhantes aos que se provem terem sido cometidos.

Espero, assim, poder demonstrar que a solução que irei, detalhadamente, apresentar é a única que permitirá uma actuação eficaz no sentido que todos parecem querer: a rápida renovação e requalificação do Barreiro Velho.

Repare-se, entretanto, com atenção, no diagnóstico e nas hipóteses de resolução de que o texto fala...


Centros Históricos: Barreiro Antigo está cada vez mais velho
(2006-03-26)

O Barreiro tem poucas razões para celebrar na terça-feira o Dia Nacional dos Centros Históricos, a zona antiga da cidade, habitada maioritariamente por idosos, caiu no abandono: as ruas, de dia, estão desertas e as casas muito degradadas.

Nas ruas Marquês de Pombal e Aguiar, duas das principais artérias, há vários prédios à beira da ruína, emparedados para venda ou com as fachadas de azulejos esburacadas, sem telhado nem janelas e que servem de abrigo a pombos.

São escassos os imóveis recuperados pelos proprietários, como também são poucos os estabelecimentos comerciais alternativos às dezenas de bares e discotecas que se fixaram nas décadas de 1980 e 90.

A Rua Aguiar, que até aos anos 50 foi a mais concorrida da cidade em lojas, perdeu fregueses e habitantes.

Ali, como em outras ruas do centro histórico, só as casas de diversão nocturna é que trazem enchentes de jovens, ruidosos, ao local.

Um diagnóstico efectuado há cerca de quatro anos pela Direcção- Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) já alertava que o Barreiro Antigo, que ainda possui vestígios de arquitectura medieval, pombalina e republicana, tinha habitações degradadas, abandonadas ou descaracterizadas por alterações no revestimento exterior tradicional, na volumetria e na caixilharia de portas e janelas.

De acordo com o inventário da DGEMN sobre o património arquitectónico do núcleo histórico, a maioria dos edifícios (63 por cento) encontrava-se em mau estado de conservação.

Olga Costa Mano, 79 anos, moradora na zona desde que nasceu, assiste "com tristeza" à "degradação" do local que, diz, "se tem agravado de ano para ano".

"Os proprietários - pessoas idosas ou herdeiros de famílias muito antigas - não têm dinheiro para recuperar as casas", lamenta, ironizando que o centro histórico do Barreiro "está a transformar-se num lugar de casas emparedadas e bares".

"Durante o dia quase não se vê ninguém na rua. às sextas e sábados à noite anda a rapaziada nova dos bares", acrescenta, por seu turno, António Parente, 62 anos, que explora há 16 um minimercado onde se vende de tudo um pouco.

O comerciante conta que a maioria dos moradores são "pessoas de idade que pagam pouca renda" e que, quando vagam as habitações, os proprietários "fecham os edifícios" para evitar a entrada de inquilinos indesejados.

António Parente crê que, se houvesse mais comércio, este "traria mais gente" ao Barreiro Velho, que "a coisa mais bonita que tem é a frente de rio".

O comerciante é da opinião que a Câmara deveria ter dado mais atenção ao local.

Raul Malacão, presidente da Junta de Freguesia do Barreiro, reconhece que a autarquia, ao longo de sucessivos anos, poderia ter actuado com maior veemência.

"Mas não se caminhou para isso por falta de recursos financeiros", sustenta.

O autarca do PCP considera que "há uma certa impotência" do município para renovar o património imóvel do centro histórico, uma vez que, além da recorrente falta de verbas, é confrontado com o facto de a esmagadora maioria dos edifícios ser propriedade privada.

Beneficiando do estatuto de Área Crítica desde meados dos anos 90, o Barreiro Antigo tem sido alvo de poucas obras de vulto por parte de particulares e autarquia.

O ex-executivo camarário liderado pelo comunista Pedro Canário, que defendia que deviam ser os privados a recuperarem as casas, apenas no seu terceiro mandato (1998-2001) calcetou o Largo Casal e apoiou financeiramente a colectividade "Os Penicheiros" na pintura da fachada da sua sede, um edifício construído em 1926 sob influências do estilo "Arte Nova".

Na altura na oposição, o PS, que contestou a renúncia da autarquia em adquirir 14 imóveis a seu ver de interesse patrimonial, propôs a criação de uma empresa municipal para gerir a reabilitação dos edifícios com vista a readaptá-los a novos usos, como equipamentos sociais, museus ou residências universitárias.

Chegados à liderança do município, em 2002, os socialistas prometeram candidatar o centro histórico do Barreiro ao programa de financiamento de obras de reabilitação urbana PROHABITA, mas o actual executivo comunista, presidido desde Outubro por Carlos Humberto, tem alegado que nada foi feito nesse sentido.

Durante o mandato do socialista Emídio Xavier ainda foram construídos novos balneários públicos, mas uma das suas bandeiras eleitorais, a recuperação do emblemático Clube 22 de Novembro, caiu por terra quando as ruínas do edifício tiveram de ser demolidas por motivos de segurança.

Propriedade municipal, o edifício estilo Art Déco que acolhe a colectividade "O Praiense" continua a aguardar obras de fundo, apesar do seu avançado estado de degradação.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara, Carlos Humberto, disse que, possivelmente este ano poderá iniciar-se "uma intervenção de consolidação" da sede da colectividade.

Questionado sobre as medidas e prazos previstos para a revitalização do centro histórico do Barreiro, o autarca referiu apenas que "estão a ser estudas outras hipóteses" de financiamento, além de uma "eventual" candidatura ao PROHABITA.

"A Câmara, por si só, não tem condições financeiras para recuperar o Barreiro Velho nem pode intervir na propriedade privada", invocou, manifestando o desejo de ali serem instalados equipamentos para jovens e oficinas de artesãos e artistas plásticos.

Fonte: Agência Lusa


14 comentários:

Anónimo disse...

A extinção do mercado da Verderena está directamente relacionado com o chamado programa POLIS – Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades – que visa melhorar a qualidade de vida nas cidades, através de intervenções urbanísticas e ambientais, mas que, infelizmente, não contemplou o Barreiro velho nas suas propostas.

Assim, a recuperação do “coração da cidade” – infelizmente envelhecido e com batimentos cardíacos fracos – bem como do seu ex-libris, os moinhos de Alburrica, ficou para segundas núpcias, remetendo as duas zonas para o limbo do esquecimento.

Agora, um conjunto de pessoas está a tentar convencer-nos de que um mercado vai ressuscitar um local que sofre de negligência socio-política há mais de 15 anos, numa situação que se agrava de dia para dia, quando mais uma casa é cedida pela Câmara, sem se providenciar o devido acompanhamento dos seus habitantes, permitindo que estes destruam fachadas e construam anexos levianamente, que se façam puxadas de água e luz que vão directamente para as contas dos velhos habitantes da zona, entre outras barbaridades, que só provam o abandono da zona e também da sua população.

Neste cenário, defender que um mercado de rua vai salvar o centro histórico da nossa cidade, actualmente tão degradado, parece-me incoerente e fruto de uma mente sonhadora; uma forma ingénua de atirar poeira para os olhos e tentar ocultar os verdadeiros problemas sociais da área, relacionados com a ocupação ilegal de casas, com a imundice depositada nas ruas, com o tráfico de droga em pleno dia e ignorado por todos. E quando afirmo isto, sei do que falo, porque sempre vivi no Barreiro velho e, infelizmente, acompanhei de perto a sua degradação.

Por estas razões, concordo com a analogia de encher chouriços ao marquês e, também por isso, enviei a minha opinião ao Sr. VTM que, com o meu consentimento, a publicou no seu blog.

Também eu gosto do Barreiro e dá-me pena ver bons resultados na gestão urbana de zonas como a Moita, a Baixa da Banheira ou Alhos Vedros, e tão maus resultados na nossa cidade. Também tenho pena que a prole cerebral do Barreiro só tenha este tipo de ideia para o rejuvenescimento do seu centro histórico, uma vez que me parece pura especulação intelectual.

Penso que, em 2003, foram apresentados em Assembleia Municipal vários projectos para a requalificação da zona, os quais infelizmente caíram no esquecimento. Gostava que essas mesmas propostas fossem recordadas, para que não se pense que só um mercado de rua é que nos pode salvar.

Aproveito só para frisar de que o Barreiro também não é uma cidade de interesse turístico que sustente um mercado inspirado em Portobello Road, e duvido que o seja nos próximos anos.
A não ser que a estátua da Nossa Senhora do Rosário comece a chorar lágrimas de mel, como aconteceu recentemente no Brasil, e esse acontecimento místico atraia uma romaria de crentes à cidade.

Ou talvez a romaria esperada seja em direcção ao Fórum Barreiro….

Kimberley

António Cabós Gonçalves disse...

Olá

Tenho a sensação que o meu "diálogo" com a Kimberley, às tantas, parece uma conversa de surdos, mas sem linguagem gestual...

Ainda assim, conviria que, quando se fazem afirmações peremptórias, baseadas apenas no que "nos parece", tentássemos ser minimamente rigorosos!

Diz a Kimberley:

"A extinção do mercado da Verderena está directamente relacionado com o chamado programa POLIS"

Ora, sem rodriguinhos, devo dizer-lhe que está redondamente enganada!

A extinção daquela feira de terceiro mundo a que hoje se chama "mercado da Verderena" e há 10 anos se chamava "mercado de Santa Maria" tem, apenas, uma justificação: é que o terreno onde o mesmo se situa é do F. C. Barreirense que, entretanto, negociou uma parte com uma empresa imobiliária, a mesma, ou do mesmo grupo, a quem vendeu o Estádio D. Manuel de Mello, e os proprietários disseram, agora, que precisam do terreno.

O Polis não tem nada que ver com o assunto, a área de intervenção do Polis, como poderá verificar, se fizer um esforço mínimo de informação, não abrange o local onde, até agora, se situava o mercado...

Se quiser perceber, leia com atenção isto:
http://www.cm-barreiro.pt/noticias/detalhe_noticia.asp?Id=2015
ou isto:
http://www.cm-barreiro.pt/noticias/detalhe_noticia.asp?Id=710

Se consultar os mapas poderá perceber que o terreno, confinante à Av. Escola dos Fuzileiros Navais, onde se situa o Mercado não tem nada que ver com o Polis e fica um bocadinho longe do sítio...

Diz, também, o seguinte:

"Também eu gosto do Barreiro e dá-me pena ver bons resultados na gestão urbana de zonas como a Moita, a Baixa da Banheira ou Alhos Vedros, e tão maus resultados na nossa cidade. Também tenho pena que a prole cerebral do Barreiro só tenha este tipo de ideia para o rejuvenescimento do seu centro histórico, uma vez que me parece pura especulação intelectual."

Poderá esclarecer-nos quais os "bons resultados" de que fala, no concelho vizinho? Eu conheço a Moita como "a palma das minhas mãos" e não consigo perceber no que se baseia para falar desses bons resultados na "gestão urbana", se é que estamos a falar da mesma coisa...

Todavia, finalmente, percebi quais são as propostas que a "Kimberley" não considera "pura especulação intelectual". Diz a sapiente barreirense:

"Penso que, em 2003, foram apresentados em Assembleia Municipal vários projectos para a requalificação da zona, os quais infelizmente caíram no esquecimento. Gostava que essas mesmas propostas fossem recordadas"

Ah, sim? Foram? Importa-se de nos dar mais alguns elementos, para que possamos identificar minimamente tais propostas salvadoras, apresentadas, ao que parece, durante o mandato do meu camarada Emídio Xavier, no qual eu era membro dessa Assembleia Municipal de que fala.

É que eu, a partir de Outubro de 2002 e até Setembro de 2003, data em que renunciei ao mandato, estive com o mesmo suspenso e, embora há muitos anos acompanhe todo este processo, pode ter-me passado qualquer coisa.

Importa-se de ser mais específica? Ou apenas diz por ouvir dizer?

E, à parte essas alegadas soluções, a Srª, que, certamente, pertence à "prole cerebral do Barreiro", signifique isso o que significar, tem alguma ideia "positiva" que, em concreto, ajude a resolver a situação dramática do Barreiro Velho?

Anónimo disse...

Questiona Cabós Gonçalves:

"E, à parte essas alegadas soluções, a Srª, que, certamente, pertence à "prole cerebral do Barreiro", signifique isso o que significar, tem alguma ideia "positiva" que, em concreto, ajude a resolver a situação dramática do Barreiro Velho?"


Questão muito oportuna, Caro Cabós !

E explico porquê, é que a Cara Kimberley, que acredito que goste tanto do Barreiro, como nós, aborda o tema, com seriedade e coerência, mas não esclarece qual é então, a sua (dela) Proposta de Resolução para um melhor Futuro para o Barreiro Velho.

Eu também gostaria muito de saber.

Os meus cumprimentos.

Maria Júlia Bravo

António Cabós Gonçalves disse...

Olá, outra vez.

A Kimberley, no seu comentário diz:

"quando mais uma casa é cedida pela Câmara, sem se providenciar o devido acompanhamento dos seus habitantes, permitindo que estes destruam fachadas e construam anexos levianamente, que se façam puxadas de água e luz que vão directamente para as contas dos velhos habitantes da zona"

Pode "dar-nos uma pista" - se não quiser indicar a morada - sobre a localização dessa casa que, segundo diz, foi, presumo que recentemente, "cedida" pela Câmara?

É que eu tenho estado a analisar as fichas de património do Município, que pedi, através dos Serviços da AM em 2002, e gostaria de saber, caso isso tenha, de facto, acontecido, de que casa estava a falar.

Obrigado

Anónimo disse...

Vamos, então, ao concurso (sempre a somar) das ideias?
Para começar, e num plano bastante mais alargado, sugiro a defesa intransigente da verdadeira "revolução" do arrendamento (e o não voto em forças políticas e em políticos, barreirenses ou não, que hajam contribuído ou contribuam para a manutenção do actual estado de "desastre").
Uma segunda iniciativa poderia consistir na exclusão (ou, ao menos, na severa limitação) do trânsito automóvel no Barreiro Velho.
Sugiro, também, a demolição do feioso e desenquadrado edíficio camarário do Largo das Obras.
Pode ser que logo me lembre de mais algumas ...
Com amizade.

António Cabós Gonçalves disse...

Olá VCN

Bem vindo, mais uma vez, à discussão.

Sempre me agradaram muito as tuas "provocações". A tua inteligência brilhante e a atitude "iconoclasta" que sempre tiveste, desde "chavalo", são como que um desafio a que não fujo.

Porque te conheço razoavelmente bem, mereces-me o maior respeito intelectual e tenho a certeza que queres, tanto como os que até agora têm participado nesta discussão, o melhor para o Barreiro Velho. Divergimos, certamente, nalguns caminhos e, eventualmente, na configuração do modelo de chegada...

Iremos ter oportunidade de ir analisando convergências e divergências!

Agora quero responder-te, apenas às 3 "sugestões" que fazes.

1ª - Propões o "não voto em forças políticas e em políticos, barreirenses ou não, que hajam contribuído ou contribuam para a manutenção do actual estado de "desastre"" do arrendamento! O que propões é, ou a abstenção ou o voto em Partidos das franjas do espectro partidário, que nunca tenham estado no poder, desde 1961. É isso? É que todos os que lá estiveram desde o congelamento de rendas em Lisboa e Porto são, a seu modo, responsáveis...

2 - "Uma segunda iniciativa poderia consistir na exclusão (ou, ao menos, na severa limitação) do trânsito automóvel no Barreiro Velho". Obviamente. Para a Rua Marquês de Pombal eu proponho, num prazo de 3-4 anos, a sua cobertura e a pedonização, com o calcetamento do que hoje é faixa de rodagem. O acesso deve estar vedado por pinos retrácteis, accionados, para cargas e descargas, veículos de emergência e socorro e, nalguns pequenos troços, para uso exclusivo dos moradores, por um mecanismo tipo "via verde", como, por exemplo, acontece em Vila Nova de Gaia. Parece que o Arqº Joan Busquets, felizmente, pensa de forma semelhante;

3 - Nas paredes de Paris, no Maio de 68, lia-se "Seja realista: peça o impossível!". És novo demais para teres sido admirador do Cohn-Benedict. Implodir o edifício do Largo das Obras também eu gostava! Mas, se calhar, a Imoleasing, proprietária do edifício, após uma curiosa operação de "leaseback", da qual sempre discordei, é capaz de não estar pelos ajustes...

Um abraço de enorme amizade e volta sempre!

KIMBERLEY disse...

Até devia ficar satisfeito com as minhas observações, porque são os comentários contrários aos nossos e não as palmadinhas nas costas que nos fazem progredir.

Para além disso, não se trata de uma conversa de surdos, mas sim de duas perspectivas diferentes sob o mesmo problema. A questão é que eu não tenho uma opinião favorável relativamente à proposta do mercado para a rua Marquês de Pombal, porque não vislumbro na construção de um mercado a solução para aquela zona. E, olhe que eu li a sua proposta com atenção e espírito aberto (talvez exista quem o apoie e nem passou os olhos pelo documento).

Relativamente às outras propostas apresentadas em Assembleia Municipal, garanto-lhe que as mesmas existem, não são fruto da minha imaginação de sapiente barreirense. Espero, sinceramente, que essas ideias sejam recuperadas por quem as apresentou na altura e detém o dossier. Isto porque é importante que se conheçam outras propostas, e que as mesmas usufruam de tanto mediatismo quanto a sua, para que se faça uma divulgação massiva e, consequentemente, uma avaliação justa de todas as possibilidades da zona.

Em relação às casa cedidas ou ocupadas no Barreiro velho, sabe tão bem quanto eu que nelas são realizadas alterações de construção a cargo dos próprios habitantes à revelia de tudo e de todos, que vão desde fechar janelas e portas ou abrir janelas e portas, ou construir garagens onde antes existiam casas. E não preciso de lhe fornecer uma morada ou apresentar-lhe uma ficha do património do Município para atestar esta afirmação, convido-o simplesmente a passear hoje durante a tarde pelas ruas e travessas do centro histórico, ou pela Av. da Praia, para que observe a criativa arquitectura de que lhe falo.

Vai ver que encontrará, não uma, mas várias fontes de informação.

Como cidadã, não pertenço a nenhuma tribo política, nem não tenho pretensões camarárias, faço uso do meu sentido crítico para avaliar uma ideia que me é apresentada e sobre a qual tenho direito a opinar (o livre arbítrio é uma coisa maravilhosa), sendo que a maioria das pessoas que opinam a favor da construção do mercado, o mais provável é que não ponham os pés no Barreiro velho há anos, porque este é “mal frequentado”.

Quando falo nos exemplos dos outros concelhos, não pretendo fomentar o princípio de que a Câmara só faz coisas negativas, nada disso! Pretendo sim, fazer com que a discussão particular sobre a recuperação do Barreiro velho seja um assunto perspectivado e discutido por todos e sob vários prismas, sem abraçar salvações irrefutáveis (como nos é apresentada a proposta da construção do mercado).

Só para finalizar apresento, a título de curiosidade, alguns exemplos provenientes dos concelhos vizinhos:

- Piscina de Alhos Vedros (nós continuamos com o nosso “tanque” com condições deploráveis).
- A construção da piscina municipal da Moita (em curso).
- Lançamento do projecto da piscina municipal da Baixa da Banheira, bem como a construção do pavilhão gimnodesportivo da Baixa da Banheira.
- A recuperação do Largo do Coreto, na Praça da República, em Alhos Vedros.
- A abertura do Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira.
- Novo Mercado Municipal do Vale da Amoreira
- Novo Mercado Municipal da Baixa da Banheira
- Construção de uma Aldeia Columbófila, junto ao Cemitério do Vale da Amoreira.
- Construção do Parque dos Cooperantes, dotado de espaços de circulação e de circuitos para velocípedes.
- Remodelação Paisagística do Parque Estrela Vermelha, na Baixa da Banheira.
- Reperfilamento da Av. 1.º de Maio (ainda em curso)

Cordialmente,
Kimberley

António Cabós Gonçalves disse...

Olá

Se lhe pareceu que eu estava aborrecido ou enfadado com as suas opiniões, pareceu-lhe mal.

Convivo muito bem com opiniões contrárias às minhas e, como muito bem escreveu - e eu tenho dito a muita gente - o que menos preciso, neste momento, são "palmadinhas nas costas".

Eu quero é que me ponham questões, me apontem problemas, me suscitem dúvidas.

Tenho a certeza absoluta, embora não a conheça (acho eu!) que a sua intervenção é, apenas, norteada pela vontade de contribuir para a resolução de um problema que a todos deve preocupar!

Já a kimberley não acredita no mesmo em relação à minha iniciativa, na qual, como concordará, dispendi um pouco mais de tempo e de dinheiro do que o que resulta da simples participação na discussão através de comentários em Blogs...

Deve ser por isso que imagina intenções escondidas e lobbies poderosos a actuar... Quando eu, afinal, me limito a escolher as melhores técnicas de comunicação que conheço para divulgar, da maneira mais ampla possível, uma ideia que tive, na qual acredito profundamente e para a qual, até agora, não vi nenhuma alternativa credível!

Diz a Kimberley:

"Relativamente às outras propostas apresentadas em Assembleia Municipal, garanto-lhe que as mesmas existem, não são fruto da minha imaginação de sapiente barreirense. Espero, sinceramente, que essas ideias sejam recuperadas por quem as apresentou na altura e detém o dossier. Isto porque é importante que se conheçam outras propostas, e que as mesmas usufruam de tanto mediatismo quanto a sua, para que se faça uma divulgação massiva e, consequentemente, uma avaliação justa de todas as possibilidades da zona."

Mas, como perceberá, se estou perfeitamente de acordo com o 2º parágrafo, não posso fazer nada para confirmar o 1º se não me der nenhuma pista!

Garanto-lhe que não conheço as propostas de que fala, mas gostaria de conhecer! Se tem tanta certeza do que diz, diga-me, por favor, quem as apresentou, ao menos para que eu possa ir à procura! Não consigo ser mais claro do que isto!

Se não o quiser dizer aqui poderá comunicar-mo através do e-mail mercado.do.marquez@gmail.com e, assim, eu já fico com um e-mail seu para lhe poder enviar toda a informação actualizada que eu tiver. Se é que já não está na minha lista de mailing...

Acredito que tenha lido, atentamente, a minha proposta. E, também, a entrevista que dei ao "Jornal do Barreiro", onde mais alguma coisa ficou explicitada.

Quando tomar conhecimento do plano global, muito detalhado, que irei entregar na C.M.B., nos próximos dias 28 e 29, talvez a sua posição se altere.

Perceberá então, na sua globalidade, a estratégia, integrada, exequível e legal e economicamente viável que delineei para a recuperação, rápida, do Barreiro Velho, na qual a criação do "Mercado de Rua "Marquês de Pombal" tem um papel central.

Mercado esse que, como estou "careca" de explicar, não tem nada a ver com o "souk" da Verderena.

A sério, acha-me tão idiota que me atrevesse a propor a transferência de tal coisa para o Barreiro Velho?! Viu isso nalgum sítio? Produzi alguma declaração ou documento em que parecesse que é isso que eu quero?

Respeito, em absoluto, o livre arbítrio e tenho-o reivindicado, ao longo da minha vida, para mim próprio. Era o que faltava, eu não reconhecer o mesmo direito aos outros!

Quanto às alterações "selvagens" feitas nas casas do Barreiro Velho, eu conheço-as de gingeira! O que perguntei é por "aquela" que, pelas suas palavras, me pareceu recente, numa casa recentemente "cedida" pela C.M.B.. Mas, se calhar, era só uma "boca" perdida no calor da argumentação...

Sou Solicitador e, por isso, grande parte da minha vida profissional tem sido feita a lidar com todos os problemas relacionados com imóveis. Conheço, com algum detalhe, a estrutura fundiária de uma boa parte do Barreiro Velho, até porque já "mexi" nalgumas dezenas de prédios dessa zona.

Sou sócio de 3 Associações com sede e história no BV. Nasci em frente à Igreja de S. Francisco e sempre vivi por aqui.

E sou um "menino", como me chama, com mais de meio século de idade, uma neta (linda) em Coimbra e 3 enfartes do miocárdio que me visitaram há ano e meio e me deixaram 2 "stents". Para além de ter ao meu cuidado, com a ajuda do meu irmão, os meus queridos pais, com 85 e 82 anos que, infelizmente, não podem sair de casa. E os clientes que, legitimamente, não perceberão muito bem como é que eu "perco tempo" com estas coisas e demoro a dar resposta às coisas deles.

Como sempre fui profissional liberal, ninguém me paga ordenado ou avença. Que, aliás, não quero!

Tenho, como percebe, muito mais que fazer do que andar em diletâncias sem sentido...

Para além disso, por razões que ao caso não vêm, tenho feito muitas memórias descritivas de arquitectura, algumas para o Barreiro Velho, e desenvolvi, há cerca de 20 anos, uma apetência especial, informada e com bastante estudo, para todas as questões que têm que ver com o desenho urbano e o planeamento das cidades.

É por isso que me sinto à vontade, do ponto de vista técnico, teórico e prático, para discutir, seja com quem for, as soluções que proponho.

Mas com factos, dados, provas. É, apenas, com base nisso que eu sei argumentar.

Quanto ao concelho da Moita, prefiro não me pronunciar...

Mas tirando o caso do Forum José Manuel Figueiredo, que é um equipamento exemplar, sobre o qual não conheço nenhuma crítica, em relação a tudo o resto conheço um monte delas, algumas muito fundamentadas...

Só que, se reparar, como bons exemplos de "gestão urbana" deu-me a construção (ou promessa, como é o caso do dito reperfilamento da Avenida que tem lá uns cartazes enormes a dizer que não fazem por causa do incumprimento do Governo...) de vários equipamentos. Se é esse o seu conceito de "gestão urbana" então não conseguimos, de facto, entender-nos para começar essa conversa.

Mas penso que não é este o tempo, nem o lugar, para essa discussão.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Olá amigo Cabós,
Agradecendo os (tão lisonjeiros quanto imerecidos) cumprimentos e receando que as minhas novas "bocas" da tarde de hoje se tenham perdido algures no éter, volto para repudiar com veemência qualquer afinidade minha com qualquer Cohn Bendit ou com o Maio de 68. Iconoclasta, talvez. Mas às Direitas. E, assim sendo, recordo (com nostalgia) o projecto do Governo Santana Lopes para o arrendamento (que tanto jeito daria ao nosso velho Barreiro) e, a acrescer, atrevo-me a sugerir que consideres (caso não o hajas já feito) a ordenada revisão das cérceas acima da cota soleira no Barreiro Velho (harmonizando-as, na medida do possível e à falta de melhor alternativa, com a incontornável referência que é o imóvel propriedade - segundo esclareceste - do grupo financeiro do Estado). A somar, proponho a urgente remessa do CAT existente no Barreiro Velho para outro local, evidentemente fora da freguesia do Barreiro.
Cumprimentos renovados.

KIMBERLEY disse...

Não duvide da seriedade das minhas afirmações. Já está em curso a recuperação dos documentos apresentados à Assembleia Municipal em 2003 e que, pelos vistos, não chegaram até si através dos seus camaradas de partido, então na altura responsável pela Câmara.

Se ainda não apresentei as propostas de 2003, foi porque estava a contactar as pessoas responsáveis pela sua apresentação na altura, o que já consegui, e por isso, atempadamente, essa proposta vai ser divulgada via Internet, para que veja que não estou a divagar.

Na minha primeira intervenção expliquei o porquê de não acreditar na sua proposta e, apesar da sua contínua vontade em provar o contrário através da sua magistral arte verborreica, continuo a não acreditar no projecto. Mas para que não continue a acusar-me de praticar a crítica fácil, coloco à sua consideração algumas questões:

A) Onde vai encontrar uma população que sustente uma feira dessas natureza e dimensão, duas vezes por semana, na qual a sua maioria dos pontos de venda provém dos antigos vendedores do mercado da Verderena – apesar de garantir que não quer dar continuidade ao “souk”, a sua comparação é inevitável porque a composição é a mesma.

B) Considera viável a convivência entre bancas de venda de legumes nos mesmos dias e na mesma zona onde se situa o Mercado Municipal do Barreiro?

C) Considera viável a venda simultânea de produtos agrícolas de origem biológica, mais conhecidos pela especulação gerada em torno dos preços praticados do que pela sua saudável proveniência. (Não quero entrar novamente na fase das críticas negativas, mas recordo que a realização da Feira Biológica no jardim dos Franceses, foi um “flop” natural).

D) Considera justo para o comércio tradicional, fomentar a venda de produtos têxteis provenientes de operações de desvio realizadas à boca das fábricas e que, por isso mesmo, são vendidos a um preço abaixo ao praticado nas lojas? Considera fácil o controlo do tráfico destes produtos numa feira?

E) Com a construção do Fórum Barreiro, que se prevê ser de maior dimensão que os seus homónimos de Almada e Montijo, e a crescente fobia de consumo, considera possível que a população afluirá facilmente às ruas do Barreiro em busca de bens num mercado de rua?

F) Considera viável a deslocação de Alfarrabistas da zona de Lisboa e Margem Sul ao Barreiro, quando em termos de proximidade geográfica a feira que reúne os mesmos se situa na capital do país, aos sábados, na zona turística do Chiado ou, mensalmente, no Parque das Nações?

G) De que forma está equacionada a requalificação dos edifícios no âmbito da colocação de uma cobertura da rua, após a colocação de lugares de venda fixos? O capital para essa requalificação vai ser avaliado com base no sucesso da feira nos seus tempos iniciais e na sua esperada continuidade?

Lamento que continue a classificar as minhas observações como carácter gratuito, sublinhando a forma com que sustenta factualmente as suas e como eu apenas envio para a blogosfera opiniões forjadas no calor de discurso, sem investir dinheiro, tempo, sem dar nomes, moradas ou evocar artigos processuais decorridos no Barreiro velho. Lamento dizer-lhe, mas também não tenho interesse particular em conhecer a sua biografia, episódios médicos ou saber que cuida dos seus velhos pais, naturalmente que esses factos fazem de si um bom filho e um bom profissional (coisa de que não duvido, nem está em causa), mas por favor, não os utilize para publicitar a sua cidadania exemplar. De qualquer forma, como conhece de ginjeira as alterações arquitectónicas da cidade velha, e conhece de ginjeira o Barreiro e os barreirenses, isso prova uma vez mais de que sabe ao me que refiro.

Sobre as minhas referências ao lobbying, ele existe e é perfeitamente natural a sua prática, não sinta repúdio em dizê-lo publicamente e de chamar as coisas pelos nomes, sem maquilhá-las com definições como: técnicas de comunicação.
O lobbying é uma técnica de persuasão que utiliza a comunicação e as esferas de influência como armas privilegiadas. Considerado como parte do processo político, é inclusive uma profissão reconhecida em alguns países onde a actividade em si é regulamentada por leis (Estados Unidos ou, no caso da Europa, em França e na Bélgica).
O lobbying é uma estratégia de influência sobre um grupo político ou grupo social que tem como objectivo obter resultados favoráveis para um determinado grupo de pressão. Assim, quando falo de lobbys no Barreiro refiro-me, claro está, ao movimento gerado em torno da proposta do mercado do Marquês de Pombal, combinando a estratégias de actuação mediáticas na esfera pública (artigos de Jornais, artigos em Blogs barreirenses escritos por “personalidades” da nossa terra, sobre as quais ninguém dúvida das boas intenções, em prol do desenvolvimento da cidade), e na esfera privada visível em intervenções de rua e no “boca-a-boca” do povo, onde é visível o esforço para que se moldem opiniões e mentalidades, de forma a dar sustentabilidade à ideia e angariar coadjutores.
É por causa disso que o lobbying do Mercado não é ilusão, são as técnicas de comunicação organizada e os grupos de pressão política e mediática a fazer o que fazem de melhor: forjar opiniões e assuntos para a agenda diária do cidadão do Barreiro.
Fala-se nisso por todo o lado.
Está a resultar.
É normal.
Estranho seria se assim não fosse.
Não tenha vergonha do lobbying.

Até lhe dou uma ideia para ajudar a concretizar a sua proposta.
Porque não fala com o actor Joaquim de Almeida e persuada-o de que as vedetas de cinema não estão interessadas no Sol e nas praias de Vilamoura, ele que deixe o Algarve Film Commission e ressuscite o projecto Barreiro – Cidade do Cinema. Assim consegue mais um argumento de peso para o mercado!
Já imaginou as grandes vedetas de cinema a passearem de óculos escuros pela rua Marquês de Pombal e a comprar tremoços?
Eram dois coelhos numa cajadada só!

KIMBERLEY disse...

O documento apresentado à Assembleia Municipal em 2003, por uma comissão independente constituída por moradores do Barreiro velho, pode ser consultado no seguinte link:

http://s3.amazonaws.com/ppt-download/comissao-a-d-h-o-c-barreiro-antigo-20032736.pdf

António Cabós Gonçalves disse...

Olá

Por absoluta falta de tempo, ainda não consegui responder à Kimberley com o detalhe e seriedade que as suas questões merecem. Estou a trabalhar nisso.

Quanto ao documento, que eu desconhecia em absoluto e que tem coisas muito interessantes, também me irei pronunciar sobre o mesmo.

De qualquer forma, obrigado pelos contributos.

António Cabós Gonçalves

Anónimo disse...

E porquê que, vocês Homens e Mulheres de Ideias, com I grande, não se juntam todos, e se sentam a uma mesa, para criar uma proposta de conjunto, recolhendo apoios da sociedade civil, uma proposta que seja capaz de persuadir o poder político barreirense ? Ontem já era tarde, Meus Amigos.

E deixem-se de guerras políticas. O preço tem sido caro para o Barreiro. As guerras entre PC e PS.

O PARTIDO A DEFENDER É O BARREIRO E OS BARREIRENSES !!!!


E vão mais longe no Projecto do Cabós, incluam o Bairro das Palmeiras. Muito bem !!!!!!!!

Maria Júlia Bravo

Anónimo disse...

Exmº Senhor
António Cabós Gonçalves


Tenho a dizer que a sua proposta só pode ser feita por alguém que não conhece o Barreiro velho, principalmente os cidadãos que habitam a Rua Marques Pombal, moradores idosos que necessitam de paz e sossego já bastante afectado pela existência de Bares e Pubs a funcionar fora de horas e com níveis de ruído perturbador, com varias queixas já apresentadas ao Governador de Setúbal e Presidente da Câmara, queixas que serão dirigidas para o Tribunal Europeu por falta de resolução.
Perdem ainda causar mais perturbações, com um mercado em plena rua, diminuindo a acessibilidade desses idosos as suas casas e bloqueando totalmente as suas portas e acessos para prestação de socorro.
Exmº Senhor só pode não conhecer a realidade apesar dos estudos que diz ter feito e das consultas.
Mais uma vez só espero que o presidente da câmara tenho o bom senso assim como os munícipes de não deixar tal acontecer.
Mas sendo a sua preocupação a existência de um mercado de rua no Barreiro como existe na Europa como refere (Locais próprios em bairros comerciais), porque não na rua principal em frente a Câmara Municipal ou mesmo na sua rua junto a sua casa.

Com os melhores saudações
José Filipe Fernandes Nunes
Contacto: 91615002